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Review O povo contra a democracia: por que nossa liberdade corre perigo e como salvá-la

INTRODUÇÃO

O presente review visa discorrer sobre a obra “O povo contra a democracia: por que nossa liberdade corre perigo e como salvá-la” escrita pelo cientista político alemão Yascha Mounk, Doutor pela Universidade de Harvard e atualmente professor na Universidade Johns Hopkins. Atrelado a isso, analisar suas ideias sobre a perspectiva das eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2020, do debate à posse do dia 20 de Janeiro de 2021.

Na obra o autor busca elucidar o cenário político atual, o qual os sistemas democráticos liberais estão em processo de dissolução e assim proporcionam a ascensão da democracia iliberal e do liberalismo antidemocrático, mas também propõe formas de remediar tais ataques e salvaguardar a ordem política e social.

Mediante o cenário hodierno em meio à crise da democracia liberal e a ascensão de políticos populistas de direita e esquerda, os quais rompem com a instituições democráticas e solapam a estrutura de governo, e envolvem até mesmo as democracias mais antigas no mundo assim retratado nas eleições de diversos países como os Estados Unidos, Polônia, Hungria, Grécia, Turquia e inclusive o Brasil. Diante da realidade exposta, é indubitável a relevância de tal tema, visto que, as consequências da consolidação dessa corrente prejudica os direitos fundamentais dos indivíduos e modifica toda estrutura mundial.

Inicialmente, o autor apresenta os riscos gerados por governos populistas, os quais por meio de promessas eleitorais apresentam problemas difíceis com soluções fáceis e direcionam o público a figura de um culpado, dessa maneira iniciam sua ascensão em meio ao desencanto da população com seu sistema político, que coloca em risco seus próprios direitos fundamentais. Desse modo, a obra se desenvolve em três partes sendo elas: a crise da democracia liberal, suas origens e remédios e que se ramificam por meio da análise de gráficos e estatísticas para melhor elucidação de um tema um tanto quanto complexo.

1 DESCONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA

Preliminarmente, é necessário delimitar a linha conceitual dos termos utilizados pelo autor, assim democracia se define como um conjunto de instituições eleitorais com poder de lei que refletem a vontade do povo; a democracia liberal é um sistema político que tanto protege os direitos individuais como traduz a opinião popular em políticas públicas, como por exemplo o Canadá; a Democracia iliberal é uma Democracia sem Direitos, como no caso da Polônia; o Liberalismo antidemocrático é possuir Direitos sem democracia, como na União Europeia e por

último o populismo, que significa a intolerância a grupos opositores e o desrespeito às instituições independentes.

Os Estados Unidos representam uma das democracias liberais mais antigas do mundo, porém ao longo dos anos esse sistema político passou a se desconsolidar. Essa mudança passou a ser clara a partir da eleição à presidência de Donald Trump que revelou a fragilidade de uma democracia que acreditava ser intocável. Esse fenômeno, foi retratado no livro por meio de um relatório apresentado pela Freedom House, constando que nos últimos treze anos as maiores democracias do mundo estão sob o controle de políticos populistas autoritários, além de que muitos países afastaram da democracia na medida que poucos se aproximaram dela.

Com base nas pesquisas de cientistas políticos, esse movimento vem se firmando em vista ao início de um processo de desconfiança das instituições democráticas, e de baixo índice de aprovação de seus representantes eleitos. Sendo assim, os cidadãos se tornaram críticos ao sistema democrático e a juventude que pelo senso comum seriam os possíveis defensores da democracia cada vez mais dão menos importância, pois não vivenciaram um sistema político diverso.

Para Yascha Mouk, uma democracia estável seria se a maioria dos cidadãos estivessem comprometidos com o sistema, rejeitando possíveis governos autoritários que ameacem as estruturas democráticas, e com partidos políticos seguindo as regras básicas do jogo, através de uma política transparente capaz de permitir uma investigação de seus próprios membros de aceitação e respeito as críticas feitas pela imprensa em vez de atacá-las.

A partir desse fatores supracitados, é possível perceber a vulnerabilidade em que se encontra o governo americano, visto que o presidente Donald Trump durante sua campanha eleitoral de 2016 e do seu governo fez constantes ameaças as estruturas básicas de um estado democrático, incitando a propagação de notícias falsas e o ódio contra minorias étnicas e religiosas, aplicando políticas como a ampliação do muro na fronteira com o México e o Decreto anti-imigração. Ademais, durante o processo eleitoral de 2020 que elegeu o democrata Joseph Biden, Trump questionou o funcionamento dos votos pelos correios, e fez acusações sem evidências de uma eleição fraudada e apresentou uma resistência em reconhecer a vitória de seu oponente.

Os parâmetros de uma democracia estável poderiam estar revelando que os cidadãos apenas acreditavam nesse sistema, pois estaria provendo bons resultados e um retorno econômico, sendo assim o medo que tal realidade se transformasse traria à tona a ascensão de

governos autoritários, se tal fato for verídico segundo o autor, a relação democracia e povo seria ainda mais frágil e superficial.

2 AS ORIGENS DO MOVIMENTO

As raízes da ascensão do populismo pelo mundo, segundo a obra, está ligada a três principais fatores sendo eles: estagnação econômica e do padrão de vida, identidade e o receio de uma democracia multiétnica e por último as mídias sociais. Com isso, os direitos individuais colidem com a vontade popular, causando a exclusão da população de importantes decisões políticas, acendendo uma política de direitos sem democracia (liberalismo antidemocrático). Por outro lado, tais fatores podem proporcionar voz a políticos que se colocam contra o sistema e as instituições, com a promessa de restituir os direitos do povo mesmo que signifique implantar uma democracia sem direitos (democracia iliberal).

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