“É absurdo que acumulemos armas para a guerra, mas não máscaras para uma pandemia” – Luigi Ferrajoli.
Além das catástrofes e crises, o coronavírus desencadeou também o ressurgimento do Estado como “garantidor último da vida de sua população”, e um possível retorno à soberania nacional diante do enfrentamento dos mesmos dilemas enfrentados por Thomas Hobbes há quatro séculos: “a insegurança geral da liberdade selvagem e o pacto de coexistência pacífica sobre a base da proibição da guerra e a garantia da vida”.
Levanta-se nesse momento a discussão sobre a possibilidade de criação de uma Constituição Mundial, que proteja a igualdade, o direito à não discriminação e à saúde – direitos que pertencem à “esfera do que não se pode decidir e que não estão à mercê das maiorias”.
O Programa das Nações Unidas ao Desenvolvimento, já em 1994, alertou que “a principal ameaça ao mundo era a humana, a alimentar, a sanitária, a ambiental”. Agora, os dirigentes internacionais são chamados a trocar o descaso pela questão por responsabilidade. Nas palavras de Bertrand Badie, especialista em relações internacionais, a definição de alteridade atual entende o outro como um parceiro cujo destino está profundamente ligado ao nosso: “agora se quero sobreviver e, ainda mais, ganhar, preciso me assegurar de que o outro sobreviva e que o outro ganhe (…) o verdadeiro significado da mundialização está na criação de necessidades de integração social”.
Fontes:
“Os profetas do neoliberalismo viraram promotores da economia social. É preciso voltar aos imperativos sociais” – El País Brasil (https://brasil.elpais.com/ideas/2020-04-06/bertrand-badie-cientista-politico-a-acao-da-oms-se-reduz-a-ler-um-comunicado-todas-as-noites.html)
“Crises globais exigem soluções globais: é hora de criar uma Constituição mundial?” – El País Brasil (https://brasil.elpais.com/ideas/2020-04-04/crises-globais-exigem-solucoes-globais-e-hora-de-criar-uma-constituicao-mundial.html)